
* Alcebiades Fonseca, terça, 30 de Agosto de 2011 às 11:10
·A Divisão Técnica de Transportes e Logística do Clube de Engenharia não poderia ficar silente diante do absurdo acidente ocorrido com o bonde de Santa Tereza no domingo, 28 de agosto de 2011. Na condição de Chefe dessa DTE, eu me sinto obrigado a um esclarecimento público, visando a contribuir com o entendimento da questão.
As primeiras manifestações da mídia, procedidas a partir de pareceres preliminares das autoridades do estado, atribuem a causa do ocorrido a uma possível superlotação. Cabe então esclarecer que mesmo que o bonde estivesse sobrecarregado de passageiros, isto não provocaria o mau funcionamento do sistema de freio que foi detectado na observação visual feita por técnicos às rodas e sapatas expostas à perícia. Simplesmente porque uma superlotação, aumentando a carga transportada - e, portanto a inércia em movimento - ¬faria o bonde prosseguir no seu percurso, mas neste caso arrastando as rodas presas pelas sapatas de freio, situação que seria - se fosse o caso - facilmente observada sobre a superfície de rolamento dos trilhos.
A verdade - que será confirmada pela perícia oficial - é que o sistema de frenagem pneumática não funcionou, e mesmo com as sapatas encostando nas rodas não houve entre elas pressão suficiente para reter o giro das rodas. Quer dizer, o circuito de ar comprimido devia estar convivendo com algum vazamento que bem poderia ter-se manifestado no instante em que o condutor acionou, pela primeira vez, o freio. Tanto é que há testemunhas de que o condutor gritava, sugerindo que as pessoas saltassem do bonde.
Esta descrição é facilmente compreendida pelo cidadão comum, a mesma pessoa que concluirá que o problema é "falta de manutenção". Quando isto estiver confirmado formalmente, haverá que se responsabilizar o estado, a mesma instituição que teria feito um "retrtofit" nos bondes. Contudo, o bonde em questão não faz parte do grupo dos corrigidos.
Aliás, caso a superlotação fosse a causa, o estado estaria responsabilizado pelo fato de não colocar uma quantidade de carros compatível com o tamanho da população fixa e móvel daquele aprazível bairro da Capital. Parece difícil ao estado - no caso, à Secretaria de Governo de Transportes - se eximir da culpa do ocorrido.
Aliás, o cargo da dita Secretaria pede, há muito tempo, alguém da área. A opção governamental por um comando estranho às peculiaridades do campo da engenharia de transportes é um risco que a população do Estado do Rio de Janeiro não merece correr, embora as qualificadas assessorias dos secretários.
Lembro que acidentes no âmbito dos bondes de Santa Teresa não são inéditos. Pelo contrário, há dois anos um deles perdeu o freio, chocou-se com um carro e uma senhora morreu atropelada por um ônibus ao saltar do bonde. O absurdo foi culpá-la da própria morte. Recentemente, o passageiro caiu dos Arcos pela falha no guarda corpo. Não são esses exemplos suficientes para apoio à mudança da opção governamental?
* Engenheiro Eletricista
Chefe da Divisão Técnica de Transportes e Logística do Clube de Engenharia
·A Divisão Técnica de Transportes e Logística do Clube de Engenharia não poderia ficar silente diante do absurdo acidente ocorrido com o bonde de Santa Tereza no domingo, 28 de agosto de 2011. Na condição de Chefe dessa DTE, eu me sinto obrigado a um esclarecimento público, visando a contribuir com o entendimento da questão.
As primeiras manifestações da mídia, procedidas a partir de pareceres preliminares das autoridades do estado, atribuem a causa do ocorrido a uma possível superlotação. Cabe então esclarecer que mesmo que o bonde estivesse sobrecarregado de passageiros, isto não provocaria o mau funcionamento do sistema de freio que foi detectado na observação visual feita por técnicos às rodas e sapatas expostas à perícia. Simplesmente porque uma superlotação, aumentando a carga transportada - e, portanto a inércia em movimento - ¬faria o bonde prosseguir no seu percurso, mas neste caso arrastando as rodas presas pelas sapatas de freio, situação que seria - se fosse o caso - facilmente observada sobre a superfície de rolamento dos trilhos.
A verdade - que será confirmada pela perícia oficial - é que o sistema de frenagem pneumática não funcionou, e mesmo com as sapatas encostando nas rodas não houve entre elas pressão suficiente para reter o giro das rodas. Quer dizer, o circuito de ar comprimido devia estar convivendo com algum vazamento que bem poderia ter-se manifestado no instante em que o condutor acionou, pela primeira vez, o freio. Tanto é que há testemunhas de que o condutor gritava, sugerindo que as pessoas saltassem do bonde.
Esta descrição é facilmente compreendida pelo cidadão comum, a mesma pessoa que concluirá que o problema é "falta de manutenção". Quando isto estiver confirmado formalmente, haverá que se responsabilizar o estado, a mesma instituição que teria feito um "retrtofit" nos bondes. Contudo, o bonde em questão não faz parte do grupo dos corrigidos.
Aliás, caso a superlotação fosse a causa, o estado estaria responsabilizado pelo fato de não colocar uma quantidade de carros compatível com o tamanho da população fixa e móvel daquele aprazível bairro da Capital. Parece difícil ao estado - no caso, à Secretaria de Governo de Transportes - se eximir da culpa do ocorrido.
Aliás, o cargo da dita Secretaria pede, há muito tempo, alguém da área. A opção governamental por um comando estranho às peculiaridades do campo da engenharia de transportes é um risco que a população do Estado do Rio de Janeiro não merece correr, embora as qualificadas assessorias dos secretários.
Lembro que acidentes no âmbito dos bondes de Santa Teresa não são inéditos. Pelo contrário, há dois anos um deles perdeu o freio, chocou-se com um carro e uma senhora morreu atropelada por um ônibus ao saltar do bonde. O absurdo foi culpá-la da própria morte. Recentemente, o passageiro caiu dos Arcos pela falha no guarda corpo. Não são esses exemplos suficientes para apoio à mudança da opção governamental?
* Engenheiro Eletricista
Chefe da Divisão Técnica de Transportes e Logística do Clube de Engenharia